terça-feira, 2 de junho de 2015

Mil e três

Mil vezes me calei,
Mil e uma vezes gritei de forma silenciosa,
Mil e duas vezes deixei meus atos contarem a verdade.
Milhares de vezes você não ouviu.

Mil vezes tive motivos pra te amar,
Mil e uma vezes tive motivos pra te odiar,
Mil e duas vezes me odiei por não escolher o verbo do final do verso.
Milhares de vezes você não viu nada.

Mil vezes te escrevi poemas,
Mil e uma vezes alguma música me lembrou você,
Mil e duas vezes teu fantasma veio me assombrar,
Milhares de dias passaram sem que eu aparecesse na tua lembrança.

E assim a conta não fecha,
Os números não batem,
E esta vez, a derradeira, é pra gritar com toda a força dos pulmões:
Está quebrado, não funciona,
Mil e três pedaços colados não formam um coração que bate.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Quebra-cabeça

Todo mundo tem algo em que se considere bom,
Ou tem uma qualidade que lhe sirva de epiteto:
Legal, gente boa, educado, trabalhador, inteligente.

Mas ninguém é feito unicamente dessa característica,
Existem as demais miudezas da existência.
E da soma das partes emerge algo maior, o ser.

Porém eu sou a exceção a essa regra,
Sou esse quebra-cabeça de uma só peça.
Ao longo da jornada fui me despindo dos pormenores.

Ao final sobrou apenas um caco que já não é o suficiente.
Serve apenas para transformar o vazio nesse texto

Que é apenas o monólogo da peça única desse jogo.