Mil vezes me calei,
Mil e uma vezes gritei de forma silenciosa,
Mil e duas vezes deixei meus atos contarem a verdade.
Milhares de vezes você não ouviu.
Mil vezes tive motivos pra te amar,
Mil e uma vezes tive motivos pra te odiar,
Mil e duas vezes me odiei por não escolher o verbo do final do verso.
Milhares de vezes você não viu nada.
Mil vezes te escrevi poemas,
Mil e uma vezes alguma música me lembrou você,
Mil e duas vezes teu fantasma veio me assombrar,
Milhares de dias passaram sem que eu aparecesse na tua lembrança.
E assim a conta não fecha,
Os números não batem,
E esta vez, a derradeira, é pra gritar com toda a força dos pulmões:
Está quebrado, não funciona,
Mil e três pedaços colados não formam um coração que bate.
Flavinha
terça-feira, 2 de junho de 2015
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
Quebra-cabeça
Todo mundo tem algo em que se considere bom,
Ou tem uma qualidade que lhe sirva de epiteto:
Legal, gente boa, educado, trabalhador, inteligente.
Mas ninguém é feito unicamente dessa característica,
Existem as demais miudezas da existência.
E da soma das partes emerge algo maior, o ser.
Porém eu sou a exceção a essa regra,
Sou esse quebra-cabeça de uma só peça.
Ao longo da jornada fui me despindo dos pormenores.
Ao final sobrou apenas um caco que já não é o suficiente.
Serve apenas para transformar o vazio nesse texto
sábado, 28 de setembro de 2013
Máscaras
Não há nudez mais constrangedora que a da alma,
Há quem passe anos construindo personagens pelo medo de se expor,
Por medo de não se encaixar ou parecer ridículo.
E de repente, numa tarde qualquer a verdade os afronta
enquanto tomam um café,
A máscara cai e leva junto o chão abaixo de seus pés,
Nessas horas, só resta a tentativa patética de ignorar o
tapa recebido.
Mesmo passando horas debaixo do chuveiro ainda há a sensação
de que as bochechas estão vermelhas,
E uma sensação agridoce permanece em seus pensamentos,
E por fim a conclusão: ser descoberto
na verdade sempre foi a intenção.
Personagens são criados para a multidão,
Enquanto não encontram alguém que os permita ser patéticos sem
julgamentos,
Poder ser reais pelo menos por alguns momentos antes de
retornar para o frio baile de máscaras de todos os dias.
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
O passar das horas
É de manhã, e o nascer de um novo dia inspira planos a longo
prazo;
De repente está planejada toda a carreira, família e até mesmo a aposentadoria tranquila em um sitio cheio de arvores e até um riacho.
O sol vai mudando de posição no céu e a temperatura alta já
marca o ritmo mais urgente;
As tarefas do dia, os prazos do mês, tudo pra agora, urgência define essas horas.
Pausa para o almoço, conversas risos e não pensar em nada.
A tarde passa em um ritmo antagônico: lenta, porem tão sutil
que vai sem que se note de fato;
Leva com ela as tarefas, os prazos, as urgências e emergências.
O sol se foi, o transito não;
A volta pra casa demora o mesmo tempo, porém sempre mais do que era planejado.
Após colocar os pés no chão, tomar um banho longo e fazer uma refeição, chegam os companheiros de noites anteriores;
Os senões; os “e se...”; questionamentos, os mesmos de sempre,
Mas nesta noite, as respostas vieram um pouco após, simplificando tudo, desmistificando as mais variadas teorias do caos formadas aleatoriamente.
E assim o dia acaba levando com ele todos os seus fardos e deixando um pouco de seus alívios.
De repente está planejada toda a carreira, família e até mesmo a aposentadoria tranquila em um sitio cheio de arvores e até um riacho.
As tarefas do dia, os prazos do mês, tudo pra agora, urgência define essas horas.
Leva com ela as tarefas, os prazos, as urgências e emergências.
A volta pra casa demora o mesmo tempo, porém sempre mais do que era planejado.
Após colocar os pés no chão, tomar um banho longo e fazer uma refeição, chegam os companheiros de noites anteriores;
Os senões; os “e se...”; questionamentos, os mesmos de sempre,
Mas nesta noite, as respostas vieram um pouco após, simplificando tudo, desmistificando as mais variadas teorias do caos formadas aleatoriamente.
sábado, 29 de dezembro de 2012
VITÓRIAS, DERROTAS E VERGONHA
Cansei desse jogo
Cansei de perder esse jogo
Cansei de ser o cavalo preferido do páreo que depois de
tantas corridas,
Quebrou a perna e chegou por ultimo
Cansei enfim.
Não quero mais correr
Não quero sequer caminhar
Mas esse sentimento de ser deixada para trás vem me
consumindo
Cansei enfim.
Eu me sinto no topo
Mas tão só que me vejo tentada a descer
Pra quê, você me pergunta, pra quê?
Respondo: eu não sei,
Mas parece que sou ao contrário
Que não deveria ser assim desse jeito,
Onde tudo está distante de mim
Eu sei o que eu quero
Sei que devia não querer
E isso está me matando,
Querer, sentir vergonha,
Saber que o querer é falso,
E que é a vergonha o verdadeiro desejo.
domingo, 23 de setembro de 2012
Rubros
Rubros são teus lábios, inalcançáveis também
Chamas vivas eles são, honra a quem tocá-los
Ando a procura desse titulo
Rubros são teus lábios, desejo meu e de mais alguém
Sonho com eles sempre, olho-os e desejo tê-los
Não posso, você já os deu a alguém
segunda-feira, 30 de julho de 2012
Surpresas, prosa e ervilhas
Minha intenção era escrever mais
um poema, papel e caneta em mãos sim eu sou velha e escrevo meus textos à
mão, surgem os primeiros quatro versos que provavelmente seriam descartados
depois. A temática seria a respeito das boas surpresas que tive nos últimos meses
em meio a um período que rendeu alguns poemas eufemismo para quase depressão.
“O inesperado pode ter qualquer forma,
exceto aquela que seja obvia,
O inesperado tem o poder de arrancar o chão
que estava debaixo dos nossos pés
Seja para nos fazer sentir voando ou caindo,
Mas ouvi dizer que voar é estar caindo e
errar o chão”
Dessa parte eu gostei e até
passei algum tempo rindo da referencia nerd ao livro que estou lendo,
precisei sair e decido retomar de onde parei em algum outro momento. Semana de
SBPC e o papel ficou esquecido, embora as ideias continuassem fervendo em minha
cabeça, principalmente com as suaves prestações de fofoca que chegavam até mim
a cada dia, algumas delas tinham um sabor agridoce que já me é bastante
familiar jeito poético de dizer vingança de Rita.
Acabou a SBPC, retomar o que
deixei pela metade, resumos, plano de monografia e o meu poema, acho que não
seria má ideia começar pelo poema, alguns rabiscos e percebo que meu poema está
mais para prosa que verso, nunca escrevi algo totalmente em prosa para o
blog antes, será que fica bom?
Novo papel, outra caneta, devo
ter perdido a primeira escrevo as primeiras linhas, nova pausa, novo dia. Decido
terminar o texto no computador e o texto vira um relato dos últimos fatos. A cabeça
continua fervendo ao pensar como retomar o assunto que deu origem ao texto. Penso
em como o dia deve ser puxado e que tenho 10 minutos para deixar esse rascunho
coerente, em como vou falar de ervilhas justo agora.
Sim, as ervilhas de Mendel que me
inspiraram a começar esse texto, como passei tanto tempo presa aos “Azões e
azinhos” da vida antes de perceber que o meu destino eram as puras e simples
ervilhas.
domingo, 10 de junho de 2012
Romantismo dadaísta
De repente minha arte era apenas algumas palavras tristes
De repente não fazia nenhum sentido transformar meus sentimentos em versos
Ninguém quer ler coisas tristes
Todos querem piadas, memes, fotos de crianças deformadas e animais deformados que ao serem compartilhadas geram doações de alguns centavos.
Que aprendeu oratória na igreja,
Que discursava com graça diante dos adultos de igual pra igual?
Tão cheia de ideologias revolucionárias,
Ouvi dizer que perdeu toda a graça após o advento das espinhas.
Parece que se tornou uma adulta invisível que corriqueiramente transforma sua tristeza em poemas
Poemas sobre problemas corriqueiros, cheios de um drama digno do século XIX
Que trouxeram à tona aquela criança falante por alguns momentos.
Angustias não vendem bem, especialmente em textos raquíticos e sem rimas
Não se precisa de alma, se precisa de boa estética e massagens ao ego.
domingo, 15 de abril de 2012
Invisível
Essas paredes não parecem mais um lar,
Essas pessoas não parecem mais uma família,
Esses móveis não parecem mais aconchegantes,
E você, bem você não se parece com quem conheci um dia.
Talvez não tenham sido as paredes,
Talvez não tenha sido a família,
Talvez não tenham sido os móveis que perderam o aconchego,
Odeio ter que admitir, mas talvez não tenha sido você quem mudou.
Essas paredes deixaram de ser o meu lar,
Essas pessoas deixaram de ser minha família,
Esses móveis não estão mais na posição que eu costumava deixar,
E você se mudou para um porão no meu subconsciente.
O que restou foi esse sentimento de estranheza
Onde não reconheço mais as emoções que senti à flor da pele,
O que restou foi essa mágoa por ter crescido contra a minha vontade,
O que restou foi a saudade de ter alguém que cuidasse de mim.
segunda-feira, 26 de março de 2012
Coisas Antigas
Portas antigas que ao serem abertas levam a lugares esquecidos
Trilhas abandonadas, trajetórias refeitas,
Um futuro que não aconteceu.
Janelas antigas que apontam paisagens nostálgicas
Visões distorcidas, imagens embaçadas,
Sonhos que se desencontraram da realidade.
Gavetas antigas que guardam o que não é mais
Fotos, roupas, sapatos, lembranças,
Atitudes e pensamentos que já não servem mais.